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quinta-feira, 29 de março de 2018

O CRIME DE DOAR LIVROS

Por Luiz Carlos Amorim - escritor, revisor e editor - Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, 37 anos de literatura, cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras.

O Brasil é, infelizmente, um país que lê muito pouco, todos sabemos. Por diversas razões: educação ruim, preço do livro, etc., etc. Então fazemos questão de divulgar e incentivar iniciativas no sentido de facilitar o acesso ao livro, à leitura, por parte de todos, principalmente àqueles que não tem condições de comprar livros.
Felizmente temos escrito bastante sobre projetos particulares, privados, de pessoas abnegadas e dedicadas que trabalham, sem nada esperar em troca, para fazer com que livros conseguidos por doação cheguem até novos leitores, inclusive para incutir o hábito da leitura. Digo felizmente, porque é muito bom saber que existe quem se dedique a coletar livros para oferecê-los gratuitamente a quem queira lê-los.
Já registrei, aqui nestas crônicas, muitos projetos de leitura, como “Ler é viajar sem sair do Lugar”, da professora Mariza, de Joinville. Ele pede livros e revistas e os leva a pontos de leitura em hospitais, consultórios, escolas, etc., para que as pessoas leiam enquanto esperam ou levem para casa para ler. Projeto similar é o levado pela professora Edna, de Minas, que também cata livros para distribuí-los de graça, em diversos pontos da sua cidade.
Aqui em Floripa há o Floripa Letrada, que tem o propósito de receber livros em doação para colocá-los à disposição nos terminais de ônibus para que os usuários leiam, podendo levá-los para ler na viagem ou em casa, mas com o compromisso de devolvê-los às estantes para que outros leitores possam levá-los também. A verdade é que poucos devolvem. Muito poucos. E os livros colocados à disposição, muitos deles, nos últimos tempos, são apostilas que sobraram nos porões, muitas delas já defasadas.
Em Joinville há um projeto semelhante, numa praia aqui da capital um menino também saiu à cata da livros pela vizinhança e montou uma biblioteca para a comunidade, num cantinho do boteco do seu pai. E por aí afora.
Então, quando veja a notícia de que a prefeitura do Rio de Janeiro multou uma barraca de praia por distribuir livros de graça, fico indignado. Foi na praia do Leme. O doador de livros foi multado em 360,00 reais pelo crime de oferecer livros sem cobrar nada por eles. E saibam que a barraca que doava livros pagava licença para estar lá, na praia, a doar livros.
Fico indignado porque a educação está sucateada por causa de políticos corruptos que, além de corruptos, não tem cultura nenhuma, sequer um pouco de educação. Então esses mesmos “políticos” que administram o país fazem modificações na educação – e quando digo educação incluo aí o ensino, conforme nos diz o dicionário – mas não são mudanças para melhor, são mudanças para piorar ainda mais uma coisa que já era ruim.
Eles não fazem nada pela cultura, pela educação e ainda penalizam quem tenta fazer. É uma vergonha, mas isso é Brasil. Infelizmente. Precisamos que alguém apareça para resgatar a educação neste nosso Brasilzão de Deus, pois um país sem educação dá nisso que temos hoje em nosso país: violência, corrupção, falta de segurança, de saúde, até de justiça. Falta de tudo, até de humanidade.

terça-feira, 27 de março de 2018

QAURESMEIRA, O JACATIRÃO DA PÁSCOA

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor, editor e revisor, Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, com 37 anos de trajetória, cadeira 19 na Academia SulBrasileira de Letras. http://lcamorim.blogspot.com –  http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br

É outono, é quaresma, é a Páscoa chegando. A quaresmeira, tipo de jacatirão que tem esse nome porque floresce na quaresma, está em plena florescência, talvez a temporada com mais flores de que me lembro. Em Rancho Queimado, na grande Florianópolis, há um trecho da 282 que está uma beleza, tingido de vermelho e vinho dos dois lados da estrada. Na serra gaúcha também há muitos deles, principalmente nos jardins, e a quantidade de flores é um espetáculo à parte. No Paraná, os caminhos estão salpicados de vermelho das quaresmeiras, passamos por lá há poucos dias, indo e voltando da Lapa.
Este tipo de jacatirão, a quaresmeira, tem as flores menores do que o jacatirão nativo, que floresce na primavera/verão, mas é mais colorido, tem cores mais vivas, mais vibrantes. Então não dá pra não notar uma quaresmeira fechada de flores. O manacá-da-serra, outro tipo de jacatirão que floresce no inverno, é mais parecido com o nativo.
Fico encantado com as manchas vermelhas que as quaresmeiras deixam na mata, nos jardins, nas beiras das estradas. Mas não é um encantamento comum, simples, é um encantamento mágico, pois meus olhos são atraídos pelas cores das pétalas vermelhas e quase roxas, no meio do verde, e meu olhar flutua em direção a elas, como se minha alma seguisse com ele em direção às cores. E então meus olhos brilham, como faróis, e o raio de luz é o canal de ligação com meu coração.
É assim que me sinto encantado com a generosidade das flores do jacatirão, encantamento que envolve meu olhar, minha alma, meu coração.
Mas parte deste encantamento, ainda, é o porquê de eu chamar o jacatirão de “flor da Páscoa”. Acho que ele é a flor de Cristo, também, porque ele está florescido em dezembro, quando nasce o Menino Jesus para todos nós. E uma variedade desse mesmo jacatirão, a quaresmeira, está florescida na Páscoa, quando aquele Menino, feito homem, é cruscificado e sobe aos céus. O jacatirão está presente tanto na chegada quanto na partida do Menino, filho do Pai. Não é uma flor divina?
Pois a Páscoa não é simplesmente ovos e coelhos de chocolate. A palavra Páscoa vem do hebraico e significa "passagem". Os judeus comemoravam esse dia antes mesmo do nascimento de Cristo, desde há muito tempo, então com outro sentido: o de liberdade, ou seja, a libertação de anos de escravidão no Egito. Para os cristãos, a Páscoa passou a celebrar o renascimento de Cristo, a passagem dEle deste mundo para o Pai.                                              
Páscoa, então, é renascimento, renovação, a festa da libertação. Época de repensar a vida e renová-la, de refletir sobre o Menino que se tornou homem, morreu e ressuscitou, elevando-se ao céu, provando aos homens que há uma força divina, maior, regendo nossos destinos.
De maneira que Páscoa é fé em uma força maior que rege nossos destinos e é  também jacatirão, a flor que anuncia o Natal e enfeita a Páscoa, que anuncia a chegada e a elevação do Menino filho de Deus.