Por
Luiz Carlos Amorim - Escritor, editor e revisor,
Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA,
com 37 anos de trajetória, cadeira 19 na Academia
SulBrasileira de Letras. http://lcamorim.blogspot.com
– http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br
É outono, é quaresma, é a Páscoa chegando. A quaresmeira, tipo de jacatirão que tem esse nome porque floresce na quaresma, está em plena florescência, talvez a temporada com mais flores de que me lembro. Em Rancho Queimado, na grande Florianópolis, há um trecho da 282 que está uma beleza, tingido de vermelho e vinho dos dois lados da estrada. Na serra gaúcha também há muitos deles, principalmente nos jardins, e a quantidade de flores é um espetáculo à parte. No Paraná, os caminhos estão salpicados de vermelho das quaresmeiras, passamos por lá há poucos dias, indo e voltando da Lapa.
Este tipo de jacatirão, a quaresmeira, tem as flores menores do que o jacatirão nativo, que floresce na primavera/verão, mas é mais colorido, tem cores mais vivas, mais vibrantes. Então não dá pra não notar uma quaresmeira fechada de flores. O manacá-da-serra, outro tipo de jacatirão que floresce no inverno, é mais parecido com o nativo.
Fico encantado com as manchas vermelhas que as quaresmeiras deixam na mata, nos jardins, nas beiras das estradas. Mas não é um encantamento comum, simples, é um encantamento mágico, pois meus olhos são atraídos pelas cores das pétalas vermelhas e quase roxas, no meio do verde, e meu olhar flutua em direção a elas, como se minha alma seguisse com ele em direção às cores. E então meus olhos brilham, como faróis, e o raio de luz é o canal de ligação com meu coração.
É assim que me sinto encantado com a generosidade das flores do jacatirão, encantamento que envolve meu olhar, minha alma, meu coração.
Mas
parte deste encantamento, ainda, é o porquê de
eu chamar o jacatirão de “flor da Páscoa”. Acho
que ele é a flor de Cristo, também, porque ele
está florescido em dezembro, quando nasce o
Menino Jesus para todos nós. E uma variedade
desse mesmo jacatirão, a quaresmeira, está
florescida na Páscoa, quando aquele Menino,
feito homem, é cruscificado e sobe aos céus. O
jacatirão está presente tanto na chegada quanto
na partida do Menino, filho do Pai. Não é uma
flor divina?
Pois a
Páscoa não é simplesmente ovos e coelhos de
chocolate. A palavra Páscoa vem do hebraico e
significa "passagem". Os judeus comemoravam esse
dia antes mesmo do nascimento de Cristo, desde
há muito tempo, então com outro sentido: o de
liberdade, ou seja, a libertação de anos de
escravidão no Egito. Para os cristãos, a Páscoa
passou a celebrar o renascimento de Cristo, a
passagem dEle deste mundo para o Pai.
Páscoa,
então, é renascimento, renovação, a festa da
libertação. Época de repensar a vida e
renová-la, de refletir sobre o Menino que se
tornou homem, morreu e ressuscitou, elevando-se
ao céu, provando aos homens que há uma força
divina, maior, regendo nossos destinos.
De maneira
que Páscoa é fé em uma força maior que rege
nossos destinos e é também
jacatirão, a flor que anuncia o Natal e enfeita
a Páscoa, que anuncia a chegada e a elevação do
Menino filho de Deus.
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