Por Luiz Carlos Amorim -
Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA,
que completa 37 anos de literatura neste ano de 2017. Cadeira 19 da Academia
Sulbrasileira de Letras. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br
Portugal é um país lindo, para qualquer lado que se olhe existe alguma
coisa bonita para se admirar. Sempre há mais pra se ver. A natureza, a
arquitetura, a comida, tudo. E as gentes portuguesas, ah, as gentes portuguesas
são interessantes e belas como tudo em seu país, dá gosto apreciá-las. Os
jovens são parecidos com jovens em qualquer lugar do mundo, as crianças são
muito inteligentes e é um prazer ouví-las falar, pois elas falam com correção,
os adultos são educados e gentis e as pessoas idosas são uma atração à parte.
As pessoas portuguesas mais idosas são fortes e independentes, penso que a
maioria delas, pois a gente as vê andando pela cidade, fazendo compras, pagando
contas, pessoas de setenta, oitenta anos e até mais. E elas adoram conversar,
principalmente as das cidades do interior, mas não só. Se a gente gostar de
ouvir, é só puxar conversa. Há muita sabedoria e vontade de se comunicar.
Minha filha Fernanda, que agora mora na França, morou um ano em Portugal e
ela e o marido ficaram um mês numa casa pequena no Bairro Alto, em Lisboa, numa
rua onde as casas ficam todas umas coladinhas na rua. Depois mudaram para
Alfama, que era provisório. E era muito engraçado observar os moradores da casa
do lado direito, um casal de idosos. Falavam alto, às vezes parecia que estavam
brigando. A senhora às vezes ficava à
janela, com os cotovelos apoiados, a apreciar o movimento da rua. Às vezes
falava com o marido dentro da casa. Mas
ele a gente quase não ouvia.
Isso me lembrava que quando andávamos pelas ruas de Lisboa, era muito comum
encontrarmos casais de idosos, que deviam sair para fazer as compras da casa,
ela na frente e ele atrás. Às vezes ela virava para trás e falava alguma coisa
com ele, apontava o dedo para ele e depois seguia em frente e ele continuava a
segui-la. Era engraçado, era intressante observá-los, mas era muito bom
constatar que, apesar da idade, eles são ativos, são autônomos, eles mesmos
fazem quase tudo o que é preciso para a sua manutenção: compras, pagar contas,
ir ao médico, etc.
No Douro, no interior do Peso da Régua, saímos para comprar queijo, pão e
vinho, de manhã, e enveredamos por uma vila, perguntamos por uma tasca, um
empório, uma padaria, e conversamos com algumas senhorinhas e com alguns
senhores. Eles são amáveis e gentis e conversamos muito, ficamos sabendo muita
coisa da cultura e do modo de vida daquela região, quase que ficamos para
almoçar por ali mesmo. Mas minha mãe tinha ficado na quinta onde estávamos
hospedados e, a bem da verdade, tínhamos saído para comprar o café da manhã.
Chegamos em casa na hora do almoço. Mas valeu muito a pena termos nos perdido
pelo interior do Peso da Régua, o que nos proporcionou conhecer pessoas
fantásticas e saber um pouco do seu modo de vida.
É extremamente prazeroso conviver com as pessoas simples e autênticas das
cidades do interior de Portugal. Não que as das outras não o sejam, mas nas cidades grandes o tempo é mais apertado
e, se a gente puxar conversa, as senhorinhas e os senhorinhos adoram bater
papo. E sempre é interessante conversar com pessoas de idade, pois eles tem
conhecimento empírico, eles tem sabedoria e as histórias que eles podem nos
contar são sempre instigantes. É como quando sentávamos ao redor de nossas avós
e elas nos contavam histórias maravilhosas. Não os contos de fada, não,
histórias de vida, histórias verdadeiras com uma dosezinha de imaginação e
criatividade que nos encantavam.
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