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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

MULHERES-POEMAS


Por Luiz Carlos Amorim - Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 37 anos de literatura neste ano de 2017. Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.brhttp://luizcarlosamorim.blogspot.com.br


Como escritor, fundador e coordenador do Grupo Literário A ILHA, editor, ando às voltas com literatura quase toda a minha vida. E nesta caminhada, tenho visto novos poetas aparecerem, sempre, alguns bons, outros nem tanto, alguns melhorando o fazer poético e se tornando bons poetas, outros desistindo por falta de talento, dedicação, talvez por falta de ler mais e escrever mais, sei lá.
Então me integro à Confraria do Pessoas, grupo de poetas que começou com quatro de nós e hoje já  somos nove. E percebi alguns detalhes nos integrantes da Confraria. Primeiro, a maioria é de meninas. Meninos, só eu e o Roney. Outro detalhe importante: das sete meninas, duas já são veteranas nas letras, a Norma e a Fátima de Laguna. Mas as novas poetas – poetisas, eu sei! – que coisa fenomenal! Elas já chegaram com a poesia pronta, com o olhar de poeta, com a alma de poeta, com o coração de poeta! Eu fiquei pasmo, maravilhado com a qualidade da poesia de nossas novas confreiras, com o talento, com a vocação poética. Eu me encanto – e não só eu – a cada novo poema que elas mostram. E não canso de me perguntar: onde estavam essas poetas tão poetas, tão cheias de poesia, todo esse tempo, sem que lhes soubéssemos da suprema inspiração?
Elas chegaram arrasando, algumas até com aquele receio inicial e natural de mostrar o que estavam poetando, e se poesiaram. Sim, elas se poesiaram, pois elas, verdadeiramente, começam a personificar a poesia. E eu agradeço a Deus por elas existirem, por saber delas, por poder usufruir de suas sensibilidades e lirismo, coisas que elas têm de sobra.  E olhem que sou exigente, não estou sendo condescendente nem gentil: são poetas de verdade, que eu admiro. Estão aí para provar isso a audiência da revista Suplemento Literário A ILHA, que publicou uma edição com todos os poetas da Confraria, das páginas do Grupo no Face e das páginas de jornais.
Chris Abreu veio vindo de mansinho e se revelou gigante na sua magnitude poética. Sua serenidade constrasta com a sua poesia forte, consistente, universal. Chegou esbanjando poesia, sensibilidade, lirismo. A poesia flui dela naturalmente, com uma facilidade invejável. Ela se poesia. Como em “alongo os músculos / dos sentidos, / desprendo os ferrolhos do olhar, /…/ permito-me desabrochar…” Ah, Chris, eu também quero aprender a desprender os ferrolhos do olhar… Ou como em “Recria o arco-íris / com tuas cores exuberantes / fecunda nossa existência /com o pólen da paz.” Ou ainda “A vida se guarda / para na próxima alvorada / reverdecer.” Reverdeçamos, Chris. E por aí afora, tantos outros grandes versos e grandes poemas que seduzem a gente.
Denise de Castro, outra poeta de mão cheia, chega e leva a gente de roldão no impacto da sua tecitura poética. A poesia viva, pulsante, transbordando sentimento. Onde estavam esssas poetas que a gente não tinha vivido, ainda, a sua poesia grandiosa? Denise é plena de inspiração e de criação e sua poesia enleva a gente, que se encanta com versos como este: “A menina espera na janela / alguém que lhe faça amanhecer.” Ou como este: “Lanço-me no ar como um instrumento / semeando pequenos pedaços de sonora paz.” Verdade, você é um instrumento da paz, através do seu canto, através da poesia. Poesia assim: “Vou ali me encontrar com a poesia / Sei seu endereço: Rua da Solidão, esquina com Travessa da Alegria…” Ou “Atravesso o oceano / e me encontro com Pessoa… / Há em mim muito mais / do que as calçadas de Lisboa.” Há, sim.
Cláudia Kalafatás, com esse nome bonito de poeta, é poeta com certeza. E chegou jogando poesia de verdade, sentida e vivida, em cima da gente. Privilégio poder usufruir da sua criação, poder recriar a força da sua poesia. Mais uma grande poeta que se nos revela, trazendo todo um universo em versos, ritmo, sensibilidade e emoção. Como em “Valsa e rapsódia / comungam meu viver / sensibilidade e poesia / querem ocupar o lugar…”. Já ocuparam, Cláudia. Sua obra prova isso. E tem mais, muito mais, como em “Quero que meus olhos / contem aos teus / o quanto me és”. Quem mais diria isso dessa maneira? Só Cláudia. Como, também, em “Sorvo minha tristeza / para garantir que você não veja / que meu silêncio te quer por perto.” E, ainda, em “Me empreste a vida / que habita o teu olhar.” Pra quê, Cláudia, se há tanta vida e tanta poesia em seu olhar?
Rita Marília eu já conhecia um pouquinho antes da Confraria, já lhe tinha sorvido a poesia em goles pequenos. Mas espantei-me com a sua maturidade poética, descobrindo bem mais da sua poesia, com sua admiração pelo poeta Manuel de Barros, o grande poeta que acho que a ajuda a ser grande também. Rita é profunda e densa, como em “Vida é amor represado / Morte, amor trans-bordado…”.  Rita, eu vejo e entendo “o brilho das estrelas / no seu olhar.” Ou então, dando continuidade à poesia do mestre: “Quando me escondo na lua de lata e o vento me empina como pandorga, minha cabeça salta de estrela em estrela para pegar uma e amarrar na cabeleira do cometa.” Ou ainda: “Eu fiquei rindo porque minha irmã não sabe que chorar também faz rio.” A sua poesia também me faz rio, Rita, a transbordar pelo universo.
Marli Lúcia Lisboa, a poeta Bulucha, chega com a sua poesia pejada de romantismo para nos lembrar que a poesia é irmã gêmea do amor. A paixão pelo mar, a fé na vida, são outras fontes de inspiração.  Bulucha não escreve de hoje e ao se juntar a nós, da Confraria do Pessoas, trouxe uma obra vasta. Na edição especial da revista Suplemento Literário A ILHA com os poetas do novo grupo, Bulucha não podia faltar. E após a leitura da revista, o professor Celestino Sachet deu destaque à poesia dela, consolidando o valor poético que já conhecíamos: “Duas almas, dois seres, uma vida! / Viver tão só, me dê a mão! / Águas que passam, água infinita / Águas tristes, águas frias, chuva de verão…” Com esse aval, não é preciso dizer mais nada. Só assinar em baixo da aprovação desse outro mestre.
E muito mais eu poderia mostrar dessas grandes mulheres poetas, que se revelaram tão fantasticamente para nós, seus leitores e admiradores. Há que lermos e sentirmos a sua obra.

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