Sou fundador e coordenador
de um um grupo
literário há
quase quarenta
anos e faço
parte de
outro. Sou
detentor da
cadeira 19 da
Academia
Sulbrasileira
de Letras,
também. E,
nós,
participantes
dessas
agremiações,
gostamos muito
de ler, além
de escrever, e
lemos as obras
de nossos
pares, lemos
os
consagrados,
até
bestsellers.
Não por
obrigação, mas
para conhecer
o trabalho do
próximo e
deliciar-se
com muita
criação
literária de
boa qualidade
que está sendo
produzida por
aí afora. Sou
da seguinte
opinião: se eu
não ler, como
esperar ser
lido?
Com o advento da internet,
a
possibilidade
de publicar,
de colocar o
que se escreve
à mostra, para
poder ser
lido, é muito
grande. Os
espaços são
muitos, os
grupos de
escritores nas
redes de
relacionamento,
as revistas on
line, os blogs
e portais
literários dão
guarida à
quase tudo que
se escreve.
Quem quiser
publicar, o
espaço virtual
é amplo e
democrático.
Não vamos entrar no mérito
da qualidade,
pois a
internet
aceita quase
tudo. O que me
tem assombrado
é que, apesar
do espaço
virtual ser
democrático e
uma quantidade
incomensurável
de escritos
ser publicada
todos os dias,
a quantidade
de leitores
não acompanha
o ritmo da
produção. E
não falo do
leitor comum,
aquele que é
só leitor, que
não escreve.
Falo do leitor
escritor,
aquele que
escreve e que
publica, mas
que nem sempre
lê os seus
pares.
Existem muitos “grupos” no
Facebook e
colocam a
gente neles
sem nos
consultar. De
muitos eu caio
fora. Mas dos
grupos de
poesia, de
literatura, eu
não saí, mesmo
que me tenham
incluído
aleatoriamente.
Afinal, é o
nosso meio,
são grupos de
gente que
escreve, como
a gente.
Então, já que
estou nos
grupos,
resolvi
interagir,
publicando
poemas,
artigos sobre
literatura
publicados em
jornais,
crônicas. São
dezenas de
grupos, alguns
com milhares
de
participantes.
Sim, milhares.
Alguns têm
duzentos e
tantos, outros
quase mil,
outros mais de
mil membros.
Afinal,
pensei, se são
escritores,
são leitores
também. E
tenho
encontrado
algumas coisas
muito boas
nesses grupos.
Tem muita
coisa lá, nem
sempre dá pra
ler tudo, mas
faço questão
de ler um
pouco e
curtir, se
gostar.
O que me assustou é que,
verificando os
posts, percebi
que as
curtidas são
mínimas,
comentários,
então, menos
ainda. Muito
poucos. Os
textos,
poemas, etc.
postados são
muitos, mas o
que parece é
que as
pessoas, os
escritores, só
colocam
conteúdo lá,
mas não olham
o que foi
colocado que
não é deles,
não lêem o que
foi publicado
pelos seus
pares. Existem
muitos posts
que,
infelizmente,
não têm sequer
uma curtida. E
não é neste
grupo ou
naquele, é na
maioria.
Estou acostumado com o
nosso grupo da
Confraria,
tanto no
Facebook como
no Whatsapp,
onde todos
leem tudo e
curtem e
comentam.
Então foi um
choque
perceber que
muitos
escritores,
também no
virtual – pois
já percebi que
no real isso
também
acontece -,
escrevem e
publicam,
esperam ser
lidos, mas não
dão
reciprocidade,
não apreciam a
obra dos
outros
escritores. É muito triste ver tanta coisa na
vitrine e
ninguém, nem
mesmo os
escritores que
as produzem,
dando
importância a
isso tudo. Uma
pena.
Como ser escritor sem,
antes, ser
leitor?
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