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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

ESCRITOR-LEITOR

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 37 anos de literatura neste ano de 2017. Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.brhttp://luizcarlosamorim.blogspot.com.br
 
Sou fundador e coordenador de um um grupo literário há quase quarenta anos e faço parte de outro. Sou detentor da cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras, também. E, nós, participantes dessas agremiações, gostamos muito de ler, além de escrever, e lemos as obras de nossos pares, lemos os consagrados, até bestsellers. Não por obrigação, mas para conhecer o trabalho do próximo e deliciar-se com muita criação literária de boa qualidade que está sendo produzida por aí afora. Sou da seguinte opinião: se eu não ler, como esperar ser lido?
Com o advento da internet, a possibilidade de publicar, de colocar o que se escreve à mostra, para poder ser lido, é muito grande. Os espaços são muitos, os grupos de escritores nas redes de relacionamento, as revistas on line, os blogs e portais literários dão guarida à quase tudo que se escreve. Quem quiser publicar, o espaço virtual é amplo e democrático.
Não vamos entrar no mérito da qualidade, pois a internet aceita quase tudo. O que me tem assombrado é que, apesar do espaço virtual ser democrático e uma quantidade incomensurável de escritos ser publicada todos os dias, a quantidade de leitores não acompanha o ritmo da produção. E não falo do leitor comum, aquele que é só leitor, que não escreve. Falo do leitor escritor, aquele que escreve e que publica, mas que nem sempre lê os seus pares.
Existem muitos “grupos” no Facebook e colocam a gente neles sem nos consultar. De muitos eu caio fora. Mas dos grupos de poesia, de literatura, eu não saí, mesmo que me tenham incluído aleatoriamente. Afinal, é o nosso meio, são grupos de gente que escreve, como a gente. Então, já que estou nos grupos, resolvi interagir, publicando poemas, artigos sobre literatura publicados em jornais, crônicas. São dezenas de grupos, alguns com milhares de participantes. Sim, milhares. Alguns têm duzentos e tantos, outros quase mil, outros mais de mil membros. Afinal, pensei, se são escritores, são leitores também. E tenho encontrado algumas coisas muito boas nesses grupos. Tem muita coisa lá, nem sempre dá pra ler tudo, mas faço questão de ler um pouco e curtir, se gostar.
O que me assustou é que, verificando os posts, percebi que as curtidas são mínimas, comentários, então, menos ainda. Muito poucos. Os textos, poemas, etc. postados são muitos, mas o que parece é que as pessoas, os escritores, só colocam conteúdo lá, mas não olham o que foi colocado que não é deles, não lêem o que foi publicado pelos seus pares. Existem muitos posts que, infelizmente, não têm sequer uma curtida. E não é neste grupo ou naquele, é na maioria.
Estou acostumado com o nosso grupo da Confraria, tanto no Facebook como no Whatsapp, onde todos leem tudo e curtem e comentam. Então foi um choque perceber que muitos escritores, também no virtual – pois já percebi que no real isso também acontece -, escrevem e publicam, esperam ser lidos, mas não dão reciprocidade, não apreciam a obra dos outros escritores.  É muito triste ver tanta coisa na vitrine e ninguém, nem mesmo os escritores que as produzem, dando importância a isso tudo. Uma pena.
Como ser escritor sem, antes, ser leitor?

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