Por
Luiz Carlos Amorim -
Escritor, editor e
revisor, Fundador e
presidente do Grupo
Literário A ILHA,
com 37 anos de
trajetória, cadeira
19 na Academia
SulBrasileira de
Letras. http://lcamorim.blogspot.com – http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br
Li, recentemente, o
desabafo da
escritora Inês C.
Lohn, no Face, e
não posso deixar
de me pronunciar.
A escritora
costuma deixar
livros dela em
lugares onde os
possíveis leitores
possam encontrar,
para levá-los e
ler, como eu já
faço, inclusive,
há vários anos.
Deixamos os nossos
livros em bares,
restaurantes,
bancos de praça,
ônibus, trens,
navios,
aeroportos, etc.,
com a indicação de
que quem encontrar
o livro pode
levá-lo, se assim
o desejar, para
lê-lo e depois
deixar em um lugar
onde outra pessoa
possa pegá-lo para
ler e assim
continuar a
corrente de
leitura.
Transcrevo o depoimento da
própria escritora:
“Hoje
depois de fazer todo
um
percurso pela
cidade e ver ao
longe as pessoas
encontrando o
livro que deixei
em algum lugar e
ver a expressão
das pessoas depois
de ler o bilhete,
tive uma surpresa
triste e
desagradável.
Quando eu já estava voltando para casa, ainda no centro, um jovem me alcançou e me destratou por eu colocar livros para serem encontrados na rua. Escutei poucas e boas e ele devolveu o livro que havia encontrado. Disse-me: é por conta de pessoas assim que o Brasil desabou e se encontra na lama. Livros devem estar expostos em Livrarias e Academias de Letras ou em lugares apropriados e culturais da cidade. Não devem ser distribuídos de graça, deixados por aí expostos na rua em qualquer lugar.”
Quando eu já estava voltando para casa, ainda no centro, um jovem me alcançou e me destratou por eu colocar livros para serem encontrados na rua. Escutei poucas e boas e ele devolveu o livro que havia encontrado. Disse-me: é por conta de pessoas assim que o Brasil desabou e se encontra na lama. Livros devem estar expostos em Livrarias e Academias de Letras ou em lugares apropriados e culturais da cidade. Não devem ser distribuídos de graça, deixados por aí expostos na rua em qualquer lugar.”
Ah, então livros não existem mais para ler, eles
são feitos para
ficarem guardados,
para servirem de
enfeite? Pois é
justamente o
contrário do que
eu professo: não
deixem seus livros
guardados. Façam
com que sejam
lidos, com que
continuem sendo
lidos, sempre.
Livro não é para
ficar fechado.
Livro fechado não
existe, ele só
existe enquanto
lido, quando é
recriado pelo
leitor. Livro tem
que estar na mão
do leitor, nos
olhos do leitor,
na mente do
leitor, no coração
do leitor, fazendo
o seu trabalho de
disseminar o
conhecimento, a
cultura, a
fantasia, a
história do ser
humano.
Fico
indignado com a
ignorância que
grassa por aí,
cada vez mais
grave, porque a
culpa não é das
pessoas, o
problema é de todo
um sistema de
educação, de um
ensino sucateado
justamente por
quem tem que
primar pela sua
melhora, pelo seu
resgate, pela sua
boa manutenção e
desenvolvimento.
Falo do governo, a
administração
deste nosso
Brasilzão, que faz
mudanças na
educação, mas
nunca para melhor,
sempre para pior.
E não apenas esta
que está no poder,
mas as anteriores
também,
principalmente,
porque deixaram o
país no estado em
que está. E num
país sem educação,
onde o ensino é
relegado a último
plano, acontecem
coisas como a que
aconteceu com a
escritora.
Não é de hoje que combato isso e procuro
incentivar
iniciativas que
possibilitam a
aproximação
livro-leitor, que
ajudam a incutir o
gosto pela
leitura, o hábito
da leitura.
Existem pessoas
anônimas que
recolhem livros na
sua comunidade, na
sua cidade, para
poder doá-los a
quem queira
lê-los, a quem não
pode comprar
livros. E existem
muitas dessas
iniciativas pelo
Brasil,
felizmente, mas há
quem procure
dificultar, como o
rapaz ignorante
que ofendeu a
escritora e todos
nós e,
recentemente, a
prefeitura do Rio,
vejam vocês, que
multou uma pessoa
por distribuir
livros de graça na
praia. E a pessoa
tinha licença para
a sua banca, com
tudo certinho,
tudo
legal.
Educação
e cultura são a base
de um povo. Sem
isso, não somos
nada. E os
“políticos”
corruptos que
comandam este país
não tem cultura, nem
educação. E querem
que ninguém tenha.
Precisamos começar a
pensar nisso. Porque
um país sem educação
interessa a esses
mesmos “políticos”,
porque é mais fácil
manipular o povo. E
com políticos
corruptos e um povo
sem educação, o país
sucumbe.
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